terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O breve voo de "Firefly"


Dois dos meus projetos para 2013 eram criar um blog e rever “Firefly”, produção que no ano passado completou 10 anos de existência e que figura na minha lista de melhores séries já feitas. E depois de rever esta série maravilhosa, não há assunto melhor do que ela para colocar em prática o primeiro projeto. Com vocês, o GEEKERAMA!

“Firefly” estreou em 2002 pelas mãos de Joss Whedon (na época, “apenas” o criador da série “Buffy: A Caça-Vampiros”. Hoje, reconhecido pelo bilionário blockbuster “Os Vingadores”), mas durou apenas 14 episódios, sendo que somente 11 foram exibidos antes de seu prematuro cancelamento. Considerada “inteligente demais” para o público em massa, acostumado com comédias enlatadas e dramas de investigação, “Firefly” sofreu principalmente com o descaso do canal Fox, que exibiu os episódios completamente fora de ordem, o que tornou a série ainda mais difícil de ser entendida pelo público.

Na época, séries de ficção científica mais fantasiosas, como as franquias “Star Trek” e “Stargate”, faziam grande sucesso, mas a abordagem sugerida por Whedon mostrava um futuro mais realista, em que a Terra não podia mais suportar a vida e os humanos foram obrigados a se mudar para outro sistema solar, onde os muitos planetas e luas eram governados pela Aliança. É neste cenário que está a Serenity, uma nave modelo firefly que viaja pelo espaço sob o comando do capitão Malcolm “Mal” Reynolds (Nathan Fillion), um homem que antigamente lutou contra o comando da Aliança, mas agora se contenta em fazer contrabandos. Também fazem parte da tripulação a durona Zoe (Gina Torres), que lutou ao lado de Mal na guerra; seu marido, o piloto Wash (Alan Tudyk); a cortesã Inara (a brasileira Morena Baccarin); o pouco confiável Jayne (Adam Baldwyn); e a doce Kaylee (Jewel Staite), mecânica da nave.


A história da série tem início quando a tripulação decide abrigar o pastor Book (Ron Glass) e o médico Simon (Sean Maher), que esconde um grande segredo: sua irmã River (Summer Glau), uma jovem com habilidades psíquicas que passou por experiências pela Aliança mas foi resgatada pelo irmão. Os episódios mostravam as tentativas de Mal de continuar sua carreira criminosa ao mesmo tempo em que tem que fugir da Aliança (que quer colocar as mãos em River a qualquer preço) e das temíveis criaturas conhecidas como reavers, sempre com ótimos roteiros, personagens carismáticos e momentos de pura genialidade (como o episódio Out of Gas, o melhor em minha opinião).

Mesmo com sua curta existência, “Firefly” contou com uma base de fãs fiéis, que lutaram contra o cancelamento e foram responsáveis pelo sucesso do lançamento da série em DVD – sucesso este que acabou motivando o estúdio Universal a bancar o filme “Serenity”, que dá continuidade aos eventos narrados na série.

Lançado em 2005, trazendo todo o elenco original e com roteiro e direção de Whedon, “Serenity” começa com a revelação de como River escapou dos laboratórios da Aliança, e se foca nos esforços de um caçador para conseguir recapturá-la. Além disso, o filme finalmente mostrou o visual dos reavers e contou com uma produção caprichada e efeitos visuais infinitamente superiores aos que o apertado orçamento da série permitia (com direito a uma batalha espacial no final e tudo!).

Aliás, uma curiosidade interessante é que, devido a estes poucos recursos, quase todos os planetas mostrados na série tinham ambientes desérticos parecidos com os dos filmes de faroeste americanos – mas Whedon logo tratou de explicar este fato, afirmando que os planetas eram assim porque não foram muito favorecidos pelo governo, que “reconstruiu” apenas os mais centrais. Essa mistura de faroeste com ficção científica foi um dos maiores diferenciais de “Firefly”.

Mas apesar da qualidade, o filme não foi muito bem nas bilheterias, e a jornada da Serenity parou por aí. Os atores seguiram suas carreiras e encontraram novos trabalhos (menos Summer Glau, que nunca conseguiu emplacar uma série e carrega o título de maior “zicada” do mundo das séries), mas seus personagens serão sempre lembrados por nós fãs. Afinal, é como diz a letra da música de abertura da série: “Não há lugar em que eu queira estar desde que encontrei Serenity”.

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